quinta-feira, 24 de outubro de 2013

E eu que nunca fui de receber e nem de dar flores, sinto falta do perfume de algumas rosas murchas que passaram do seu tempo de vida e desfrutam do tempo de morte. Eu que nunca precisei usar aliança para que todos soubessem que eu, meramente, estava em um compromisso com alguém; sinto falta da marca de sol que ela que ela faria em meu dedo com a força do tempo e da rotina, eu olharia para a minha marca e lembraria de todos os momentos em que olhei para a mão e via um compromisso. Eu que nunca fui de correr atrás do que sempre quis, hoje sinto falta de ter as minhas pernas doloridas de tanto esforço que fiz para correr; me sinto sem os movimentos, mas vejo alguém lá no final do corredor fazendo sinal com as mãos para que eu chegue até lá. E se sentir o cheiro das flores, não adiantará; estarão mortas. E se eu conseguir enxergar a marca de um anel em meu dedo, não adiantará; ele já se foi. E se eu conseguir chegar no final do corredor, ainda não adiantará; a pessoa que me chamara não pôde me esperar.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Carta à mim.

Querida eu,

Venho através desta, comunicar meu estado nesse momento. Bem, hoje eu estou me sentindo bem mas, não completamente feliz e realizada; ainda faltam algumas coisas (aquelas coisas que eu não escrevo). Mas, queria deixar claro que estou bem e que só preciso de algumas mudanças em minha vida. Acho que preciso me concentrar mais em mim mesmo, talvez meditar ou só ficar um bom tempo em um lugar muito bonito que me faça pensar e repensar. Também acho que preciso me livrar de algumas coisas, como algumas manias e vícios; sei que não fazem mal - mas, me impedem de evoluir a minha alma. Que tal se eu raspasse o cabelo? Não, não é disso que quero me livrar. Estive pensando em mudar o guarda-roupa e o cabelo! Quero muito ir à Índia, tenho um pressentimento de que posso aprender muitas coisas que eu preciso pra me sentir extremamente bem e feliz, que tal, vamos? O nome Índia me traz um sorriso de paz, e é isso que quero manter pro resto da minha vida. Tenho muito amor dentro de mim, sempre busco mais. Amor nunca sobra. Pretendo ser mais independente nos dias que virão, tipo de sair sozinha por aí e me satisfazer com o que eu encontrar pelo caminho. E por fim, acho válido escrever pra mim mesma pra eu ter certeza de que disse e quis as palavras citadas e tentar jogá-las na vida real, aqui fora.

Com amor, eu.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Colocou a bolsa no chão
e foi correndo contar
Mais bonito que pena de pavão
ela transparecia no olhar
Viu um moço no portão
e com ele pôs-se a sonhar.

Contou sobre o moço que havia visto
falou pra irmã, tia e avó
Mostrou com o olhar que ele era bem quisto
e disso isso numa piscada só
Não entendeu por que aconteceu isto
e virou laço antes de ser nó.

Aquele moço que ali apareceu
foi o destino que enviou
E a moça, então, se perdeu
num caminho que nem sabe onde começou
E no par de olhos que conheceu
viu refletir o verdadeiro amor.

mi mitad.

Às vezes, sinto que estou pela metade. Onde falta um pedaço importante de mim e eu não lembro onde deixei pela última vez. Eu tenho o costume de deixar tudo pela metade também, acho que por influência desse pedaço que me falta. Será? Eu sempre deixo um livro pela metade, a comida no prato, uma prova, até a tinta do meu cabelo está pela metade. Eu nunca li o seu poema até o final, nunca. E com você não seria diferente, também não terminei com você. Deixei que a vida te conservasse assim, pela metade. Conservando sempre os bons momentos, as melhores rugas de felicidade e os melhores carinhos. Todos pela metade, porém inteiros de sinceridade e sentimento. Acho que é isso que me leva a ser inteira, é saber que há sempre uma outra metade de tudo que é e já foi meu por aí, quiçá me procurando. 

Vidas, passados e presentes que serão passados.

Quando pensei em escrever, já estava com os dedos trabalhando. Antes eu não pensei em escrever, aliás, em quê estou pensando agora? Ah, estou pensando em mim, mais especificamente em minha vida. Será que tomei as decisões certas? Será que as oportunidades que eu não agarrei me reservavam melhores momentos? Enfim, não quero mais pensar nisso. Afinal, o que posso fazer agora? Ir em frente? Mas, isso é o que todos fazem. Eu vou continuar aqui, parada nesse mesmo lugar até o final. Continuarei comendo as mesmas coisas, ouvindo as mesmas canções, falando com as mesmas pessoas e indo aos mesmos lugares. Mas, assim eu vou deixar de viver? Acho que sim, que monótono isso de não fazer nada de novo nunca. Eu até posso experimentar coisas novas, músicas novas e pessoas novas. Posso sim! Isso! É o que eu farei. Mesmo que eu ainda pense no passado, estarei vivendo o presente? Também acho que sim, o passado foi feito pra isso mesmo. É, mas já foi presente um dia. Então, tudo se resume a criar um belo passado para se lembrar um dia? Disso eu tenho certeza. Eu não gosto nada dessa ideia de eu ser uma lembrança um dia e que, com o passar do tempo, eu serei apagada e fim. Você está satisfeito com o passado que está criando? Tem amor lá? Será que eu posso ir lá quando eu quiser, por que eu sempre desejo estar por lá. Posso?

segunda-feira, 11 de março de 2013

Nostalgia.

Eu gostava de como eu parava para tirar fotos, gostava quando eu eu tinha os piores almoços do mundo, quando eu era surpreendida, quando eu sentia meu sorriso iluminar, quando eu saía e ia ser feliz. Não que hoje eu não pare para me fotografar ou que eu não seja mais feliz, eu gostava de antes. Agora, eu gostava de antes. Quantas pessoas estavam comigo todos os dias, ou na maior parte do tempo, e hoje nem falam mais comigo? Quantas coisas bobas eu já parei de fazer, por não ter mais quem me desse atenção? Quantas vezes eu me policiei para não chorar e acabei fingindo ser forte? Quantos anos se passaram? Quantas horas? Quantos sonhos partiram e, sem virarem realidade, me partiram ao meio? Quantas, quantos? ... Por mais que se tenha passado o tempo e eu sinta falta de quase tudo que foi feito, eu gosto de como o tempo passa. Gosto de como o tempo me traz novos sorrisos e lágrimas. Gosto de como o tempo me faz parar para refletir sobre o tempo. O meu tempo, o nosso tempo. O tempo que nunca tivemos e sempre foi nosso, o tempo que já se foi.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Vontade de tu

Saudade danada
vontade de tu
Fulô de caju
ficou teu perfume
Sou teu vaga-lume
na noite perdido
Por ter confundido
sorrisos tamanhos
Teus olhos castanhos
de sol manhecendo
Teus ventos correndo
a revolução
É meu coração
bandeira vermelha
De sangue assemelha
a cor que desfraldas
É quando me maldas
com tanta distância
A tua flagrância
persiste o caminho
Que sigo sozinho
depois que partistes
Por mais que conquiste
pareço ter nada
Nessa caminhada
que sigo sem tu
Fulô de caju
saudade danada

Nilton Junior